Ao participar do último Simpósio Internacional de Missão em São Leopoldo, RS, fui motivado a refletir e a escrever para meditarmos como Igreja de Cristo. Conversando com colegas da IELB, principalmente da Região Sul, observamos que os nossos ministérios estão mais focados na pregação do Evangelho. Nossos esforços, nossas energias e nossos estudos são direcionados no preparo de um bom culto, sermões e estudos bíblicos (áreas de adoração e ensino). Sendo assim, resta pouco tempo para nos preocuparmos com ações missionárias, treinar e equipar os leigos (crianças, jovens e adultos) e ampliar as ações na área de missão.
Nos 108 da IELB, percebo que estamos muito concentrados em nós mesmos e em nossas igrejas locais, sem atingir com a mensagem salvadora (pelo menos de forma organizada e continuada) as pessoas do nosso bairro, da nossa cidade ou do nosso campo que ainda estão fora da Igreja. Deveríamos nos envolver mais na sociedade em geral, sendo a voz profética para as cidades onde temos inseridas as comunidades luteranas. Esse nosso foco interno tem gerado “obesidade espiritual” aos membros e pouco crescimento numérico. Albert Einstein disse: "Não há nada que seja maior evidência de insanidade do que fazer a mesma coisa dia após dia e esperar resultados diferentes”.
Podemos e devemos avançar mais! Deus equipou a sua Igreja com todos os dons, e nós precisamos de uma IELB dinâmica, que se volte para o mundo, abrindo-se para que tenhamos discussões na sociedade em prol do bem comum, que lutemos pelos direitos dos sem voz, sem teto, sem vez, e que sejamos transformadores deste mundo em que vivemos. Precisamos criar uma “mentalidade” e uma “prática” continuamente missionárias, onde todos os departamentos estejam envolvidos. Necessitamos despertar, treinar, equipar, nossos leigos para desenvolverem o sacerdócio geral que as Escrituras Sagradas ensinam e que Lutero enfatizou.
A IELB, liderada pelos pastores, precisa urgentemente chamar e auxiliar nossos leigos, também as servas, os jovens e as crianças, para que saiam da zona de conforto, a para que acordem da hibernação missionária em que as comunidades vivem. Precisamos despertar os gigantes adormecidos que são nossos leigos e envolvê-los no trabalho do anúncio do Evangelho, para que realmente sejam sacerdotes reais e proclamadores das virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Assim não estaremos fazendo a mesma coisa sempre, mas estaremos dando um passo além no evangelismo e na missão, criando frentes de trabalho nas quais pastores e leigos juntos possam desenvolver os seus chamados.
Para atingirmos essa proposta ou essa nova forma de ser Igreja, necessitamos de projetos e planejamentos; temos várias formas de fazer isso na IELB, uma boa ideia seria a conscientização sobre o sacerdócio geral. Falando do que experimentei, temos o Projeto Macedônia que treina, equipa e prepara os leigos para a tarefa do evangelismo com uma visão holística. Precisamos continuar enfatizando a pregação clara e pura, fazer tudo o que já fazemos. Busquemos despertar a nossa amada IELB para uma missão integral, em que o ser humano não é apenas espiritual – ele necessita de muito mais para viver e viver bem aqui neste mundo!
Que Deus nos ajude a ser uma Igreja confessional Luterana que vai ao encontro das necessidades das pessoas; uma Igreja que vai onde o povo está; uma Igreja que pratica a missão integral para a pessoa integral, deixando em seus passos marcas e sinais do convívio íntimo com Jesus Cristo, sinais da transformação autêntica que ele executou pelo agir do Espírito Santo em nós, pelo poder do Santo Evangelho.
Na esperança da restauração de todas as coisas, aguardemos Novos Céus e Nova Terra.
Alisson Schröpfer da Silva