A IELB Está Crescendo?

A IELB Está Crescendo?

Nesta avaliação, precisamos considerar mais do que números e dados estatísticos, embora estes nos ajudem a visualizar problemas e oportunidads, planejar e redirecionar ações e estratégias que são da nossa responsabilidade e não do Espirito Santo.Quem teve o privilégio de participar da 60ª Convenção Nacional da IELB, realizada em Foz do Iguaçu, PR, em abril de 2010, certamente, percebeu que uma das preocupações da admnistração nacional, bem como de pastores e líderes leigos que lá estavam, é o crescimento da nossa igreja. Se examinarmos os dados estatísticos da IELB desde a sua fundação em 1904, veremos que houve cresciment, mas se compararmos números com o crescimento da população brasileira em geral, veremos que nossos números estatísticos são pouco animadores.

Sabemos que a questão números, apenas, não é a melhor forma de se avaliar o crescimento de uma igreja, todavia, não podemos negar que ele ajudam a ver como anda o nosso desempenho através dos anos e se houve um aumento ou declínio de membros. Aliás, aqui cabe lembrar, que essa preocupação com o crescimento (ou declínio) de membros não é algo exclusivo dos círculos luteranos. Na verdade, outras denominações protestantes, como Presbiterianos, Episcopais e Metodistas, também têm acompanhado de perto seus dados estatísticos.

A igreja Metodista Unida, a terceira maior denominação dos Estados Unidos, preocupada com o declíneo de seus membros nos últimos anos, recentemente fez uma ampla pesquisa entre suas 33 mil congregações, a fim de descobrir quais são as congregações que estão crescendo em seu meio e o que elas estão fazendo para que isso aconteça. Pastores e lideranças leigas foram entrevistados e, após coleta de dados, 5500 congregações revelaram crescimento não só em número de membros, mas também na participação e envolvimento desses membros na vida da congregação. Entre  as diferentes características e peculiaridades dessas congregações, os pesquisadores descobriram quatro fatores comund entre todas elas, considerados como vitais para o seu crescimento:

 -Grupos e programas de Estudos Bíblicos;

-Liderança Leiga Ativa

-Pastores servindo na mesma congregação por um longo período

-Culto Tradicional (litúrgico) e Culto Contemporâneo

 Entendo que essa pesquisa foi feita entre metodistas americanos, e nós somos luteranos, vivendo numa realidade brasileira. Entretanto, creio que esses quatro fatores encontrados pelos pesquisadores podem ajudar na nossa reflexão sobre o crescimento da nossa IELB.

 GRUPOS E PROGRAMAS DE ESTUDOS BÍBLICOS

O Programa de Evangelização e Mordomia – PEM, foi implatado na IELB em 1991, com o objetivo de fortalecer as programações existentes nas congregações e dar ênfase especial na mordômia cristã e na evangelização. Não podemos negar os benefícios do PEM: o número de estudos bíblicos cresceu na IELB, e mais pessoas se envolveram com o estudo e o aprendizado da palavra de Deus.

Das 508 paróquias existentes na IELB, 409 realizaram estudos bíblicos em 2008. A primeira vista, esses números parecem ser muito bons, já que apenas 99 paróquias não tiveram estudos bíblicos (pelo menos na estatística), o que equivale a 19,5%. No entanto, outro dado estatístico nos informa que a IELB tem 2107 congregações e pontos de missão, mas em apenas 1104 locais houve estudos bíblicos em 2008, o que equivale a 52,4%.

A pesquisa mencionada anteriormente aponta para a importância do estudo bíblico como um dos fatores vitais para o crescimento de uma congregação, mas não apenas isso, a pesquisa também revela que grupos menores favorecem a comunhão e a troca de experiências entre irmãos na fé. As congregações que estão crescendo não oferecem apenas estudos bíblicos, mas também uma variedade de outros programas e atividades voltadas para diferentes faixas etárias e grupos de interesse, como crianças e jovens por exemplo. Como se pode ver, o estudo bíblico é fundamental, mas, além dele, é precisousara a criatividade, oferecer diferentes tópicos e temas, e, principalmente, lembrar das crianças e dos jovens, afinal, eles não são como muitos afirmam – a igreja do futuro, mas, sim, a Igreja do presente!

 LIDERANÇA LEIGA ATIVA

De acordo com a pesquisa, as congregações ativas, e que apresentam crescimento, são aquelas que têm uma liderança leiga envolvida mo trabalho da congregação. Estes líderes leigos são pessoas comprometidas com a fé e a vida da congregação, que constantemente motivam os demais membros a participarem das atividades e eventos da congregação. A pesquisa revela também que esta liderança leiga é heterogênea, formada por médicos, advogados, profissionais liberais, donos de comércio, professores, funcionários públicos, comerciários e pessoas que atuam em serviços gerais. É essa mistura de diferentes dons e talentos que faz com que esse grupo seja efetivo e atinja os diferentes níveis da congregação.

Outro apecto interessante apontado pela pesquisa é que há uma rotatividade na liderança, onde pessoas servem por um tempo e depois dão lugares a novos líderes. Obviamente, isso  não apenas mantém o entusiasmo e a energia da liderança, mas também oferece oportunidade de treinamento para novos líderes.

Como anda a liderança leiga da nossa IELB? De acordo com o planejamento IELB 2014, ela não anda nada bem. Na verdade, o que se constata é uma falta de liderança em nosso meio. Muitas congregações e distritos sentem a falta de pessoas para assumirem cargos de liderança! O que fazer então? A comissão de planejamento sabiamente sugere cursos de formação de líderes em todos os distritos da IELB. Essa é sem dúvida uma boa iniciativa, mas não deveria ser a única.

Algo pode ser feito imediatamente na congregação local, com seu pastor (ou pastores) que ali está não apenas para pastorear a igreja e ser despenseiro dos mistérios de Deus, mas também para ensinar e preparar o povo de Deus para o serviço cristão na Igreja e no mundo (Atos 20:28; 1 Coríntios 4:1; 1 Timóteo 3:2, 4:6, 9:11-13-16 e 2 Timóteo 3:16-17). Iniciando com a própria diretoria da congregação, se estendendo aos demais departamentos, o pastor pode fomentar o estudo e a reflexão da importância do envolvimento da liderança leiga na vida da congregação. A pesquisa destaca o papel do pastor na formação e treinamento da liderança local – liderança leiga ativa na congregação é sinal de que o pastor dedicou tempo para ensinar e treinar os leigos, sendo um mentor para eles.

PASTORES: MAIS TEMPO NO MESMO LOCAL

Quanto tempo um pastor deveria ficar em uma congregação? Essa é sem dúvida uma pergunta difícil de responder. De forma geral, espera-se que haja bom senso, todavia, sabemos que cada realidade e situação irá determinar o tempo que um pastor irá servir em uma congregação. Além do mais, não podemos esquecer a vontade de Deus e a ação do Espírito Santo neste processo.

De acordo com o estudo, a partir do terceiro ano de trabalho desenvolvido pelo pastor, a congregação passa a apresentar maior vitalidade e dinamismo. Já a partir do décimo ano, a contribuição do pastor para a vitalidade da congregação se manifesta em termos de frequência aos cultos, envolvimento dos membros e crescimento da congregação.

Como foi dito antes, esses dados não devem ser tomados como regra, mas certamente deveriam ser levados em consideração tanto pelo pastor como pela congregação, no momento de se avaliar o trabalho desenvolvido na congregação. Uma verdade que não pode ser ignorada aqui é o fato de uma relação mais longa e estável entre pastor e congregação é certamente benéfica e produz seus frutos na vida da congregação.

CULTO TRADICIONAL E CULTO CONTEMPORÂNEO

Este é um tema que vem sendo discutido por muitos anos nas igrejas históricas e que têm uma herança liturgica, como é o caso da Igreja Luterana. O objetivo deste artigo não é defender um estílo de culto e criticar o outro, mas apenas comentar o resultado da pesquisa em questão.

A pesquisa revela que as igrejas que oferecem mais do que um etilo de culto, ou seja, culto tradicional (litúrgico) e culto contemporâneo – são igrejas que têm uma melhor frequência em seus cultos. Portanto, o ponto aqui não é determinar qual estilo de culto seria o ideal e mais correto, mas, sim, de oferecer ambos para a congregação.

A congregação que sirvo no momento oferece esses dois estilos de culto, em vários horários e diferentes dias da semana. De forma geral, os comentários dos membros são extremamente positivos, e a frequência nos cultos demonstra isso. Logicamente, há pessoas que preferem o culto mais litúrgico e o tipo de hinos cantados nesses cultos; já outros apreciam mais o culto contemporâneo, com músicas de melodias fáceis, geralmente acompanhadas por teclado, guitarra/violão e bateria. Aqui, seria importante ressaltar que, independente do estilo de culto oferecido em nossa congregação, há uma equipe de pastores, organistas e músicos preparando todos os detalhes dos cultos, ou seja, a coisa é feita com muita seriedade e profissionalismo. Independente do estilo – tradicional ou contemporâneo – o objetivo dos nossos cultos é sempre o mesmo: primeiramente ser servido por Deus na Palavra e nos Sacramentos e então sim; em resposta, glorificar e servir a Deus com nossas ofertas e dons.

Neste contexto, não há lugar para “shows” e glorificação humana, pois Cristo é o centro e a razão do nosso culto a Deus. Mas qual é a realidade em nossa IELB? Como os cultos são celebrados em nossas congregações?

A IELB é uma Igreja histórica e que vem de longa tradição litúrgica, portanto, o culto litúrgico faz parte do nosso DNA e sempre estará conosco. Todavia, cada vez mais e mais, temos visto congregações oferecendo cultos alternativos ou contemporâneos aos seus membros. De forma geral, os mesmos têm sido bem recebidos por nossas congregações.

Fundamentada numa correta teologia do culto e com bom senso, creio que a nossa IELB tem um futuro promissor pela frente. Deus tem nos abençoado nos ultimos anos com grandes talentos na área da música; o nosso Hinário Luterano, e o nossos  cancioneiros Louvai ao Senhor e Todos os Povos o Louvem são uma prova disso – sem falar em nossos grupos corais e bandas que por aí estão. A Comissão de Culto da Ielb, por sua vez, nao tem medido esforços para oferecer à Igreja farto material litúrgico e variados recursos para enriquecer o culto em nossas congregações.

Não gostaria de terminar esta reflexão sem antes mencionar um outro aspecto apontado na pesquisa: igrejas motivadas e ativas são encontradas em todos os tamanhos (pequenas e grandes), e em todos os lugares (na zona rural e urbana). Portanto, não temos desculpas, temos a palavra (e os sacramentos), pastores fiéis e bem preparados, leigos ansiosos para aprender e servir, e um lugar para cultuar – a nossa igreja. Que Deus nos faça crescer mais e mais.

Ely Prieto – Mensageiro Luterano (Março/2011)